quinta-feira, 20 de março de 2008

Fragmentos de "Memórias do Subsolo" - Fiódor Dostoiéviski

O livro foi publicado em 1864 e tem como enredo a história de um personagem-narrador, cujo nome não é referido, que relata suas memórias. Sujeito solitário, amargo, tem - como ele próprio expõe no fim do livro - a personalidade e conduta do típico anti-herói.
Os paradoxos são a máxima das memórias. O narrador critica e vai de encontro a tudo. Cria uma idéia e depois a destrói. Elogia uma contuda e depois a critica.
O único motivo que nos faz procurar entendê-lo é a sublime complexidade de seu raciocínio e o interessante grau cultural do diálogo.
Seguem alguns trechos da obra:

"Existem nas recordações de todo homem coisas que ele só revela aos seus amigos. Há outras que não revela mesmo aos amigos , mas apenas a si próprio, e assim mesmo, em segredo. Mas também há, finalmente, coisas que o homem tem medo de desvendar até a si próprio, e, em cada homem honesto, acumula-se um número bastante considerável de coisas no gênero".

E Freud, nesta época, tinha apenas oito anos de idade!!!!!

"O homem é um bípede ingrato".

"- Sr. Tenente Zvierkóv, saiba que detesto as frases, os fraseadores e as cinturas apertadas... Este é o primeiro ponto, e agora vem o segundo. - Ponto número dois: detesto a bajulação e os bajuladores! Ponto número três: amo a verdade, a franqueza e a honradez. Amo o pensamento, monsieur Zvierkóv; amo a camaradagem de verdade, de igual para igual, e não... hum..."

As cinturas apertadas?!!!!!!!

"... repito, amar significa para mim tiranizar e dominar moralmente. Durante toda minha vida, eu não podia sequer conceber em meu íntimo outro amor, e cheguei a tal ponto que, agora, chego a pensar por vezes que o amor consiste justamente no direito que o objeto amado voluntariamente nos concede de exercer tirania sobre ele".

Meu Deus!!!!

"Somos natimortos... Em breve, inventaremos algum modo de nascer de uma idéia".

Um comentário:

Anônimo disse...

mandou bem!
Belo excerto!!!